DESARME A MALÍCIA COM ATOS DE BONDADE
Vamos ler agora Romanos 12:18-21: “Se for possível, quanto estiver em
vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos,
amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei,
diz o Senhor. Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver
sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a
sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”. Essa exortação é ampla o bastante
para ser aplicada tanto aos santos quanto aos pecadores. Podemos nos exercitar nisso
com incrédulos que não gostam de nós, assim como com aqueles entre nossos
irmãos que talvez não gostem de nós. O ponto aqui é que podemos promover a paz
com os outros (pacificamente), desarmando sua maldade com atos de bondade. Tais
atos farão a pessoa ter vergonha de sua hostilidade e os conduzirá a mudar os
pensamentos dela sobre você.
O fato de haver animosidade em um Cristão contra o outro, mostra que há
algo seriamente errado. Certamente não é uma condição que Deus deseja entre Seu
povo. A primeira coisa que o apóstolo diz na passagem é que não devemos pagar o
mal com o mal. A ordem é “dai lugar à ira” – a ira de Deus, não a nossa.
Devemos deixá-la com o Senhor que tratará com essa pessoa por Seus meios
governamentais. Não é nossa esfera e nem nossa responsabilidade castigá-las,
embora possamos achar que mereçam.
Você pode dizer, '“qual é a minha responsabilidade então? O que posso
fazer a respeito?” Bem, o apóstolo está dizendo aqui que podemos fazer alguma
coisa. Podemos tentar desarmar a maldade das pessoas, retribuindo com atos de
bondade, para que sejam atingidas em suas consciências e se envergonhem da
animosidade. No entanto, retribuir a animosidade de uma pessoa da mesma forma é
deixar que o mal nos vença e isso nos fará descer ao nível dos meios maldosos dessa
pessoa. J. N. Darby disse: “Se o meu mau humor colocar você de mau humor, você
foi vencido com o mal”. Portanto, cabe a nós não deixar que isso nos aconteça!
George W. Carver disse: “Eu nunca vou deixar outra pessoa arruinar a minha
vida, fazendo-me odiá-la!”
Às vezes, uma pessoa guarda rancor contra outra, se afasta dela, e dá
como desculpa que está procurando exercitar essa pessoa quanto ao seu erro. Isso
pode parecer espiritual e piedoso, mas na realidade é apenas maldade. Dizer, “eu
posso perdoar, mas não posso esquecer” é somente outra maneira de dizer: “eu
não perdoarei!” Não enganamos ninguém quando falamos dessa maneira – mostra que
temos um espírito implacável, e isso é tão claro quanto o dia! Podemos enterrar
a machadinha, mas ainda segurar seu cabo! Somos advertidos de que, se
prosseguirmos com esse tipo de coisa, uma “raiz de amargura” se
manifestará na assembleia, e assim muitos serão “contaminados” (Hb
12:15). Isso também acontece quando as pessoas se envolvem em disputas pessoais
e linhas são traçadas e lados são tomados o que resulta em divisão na assembleia.
Isso é vergonhoso, mas acontece.
Mas alguém pode dizer: “E quanto à Lucas 17:3?” “Olhai por vós
mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender,
perdoa-lhe”. Diz que não devemos perdoar uma pessoa até que ela se
desculpe. Com base nessa Escritura podemos nos sentir justificados e continuar
com um rancor ou uma disputa contra alguém que nos ofendeu até que ele,
arrependido, nos peça desculpas. O problema desta ideia é que isolamos um
versículo e não estamos olhando para o assunto do perdão fraterno em sua
totalidade, como a Escritura o apresenta. Lembre-se, uma das grandes máximas
que têm a ver com a interpretação da Bíblia é que devemos interpretar as Escrituras à luz de todas as outras
Escrituras.
Precisamos da luz de outras Escrituras sobre o assunto de perdão para
compreender corretamente este verso. Somos informados em Mateus 18:35 que
devemos “perdoar” em nossos “corações” todos os que nos ofendem. Não
há nenhuma condição imposta nessa passagem dizendo que deve haver arrependimento
e confissão do erro para que possamos perdoar. Isso significa que devemos
ter um espírito de perdão para com os que nos magoam, mesmo que condições de
hostilidade ainda existam neles. E isso não está contradizendo Lucas 17. Lucas
supõe que chegará um tempo em que a pessoa reconhecerá o seu erro e então
poderemos administrar esse perdão a ela formalmente. Nós já a perdoamos em
nossos corações, mas então podemos fazê-lo com nossas bocas. Wayne Coleman, certa
vez colocou desta forma: “Mantemos um reservatório de perdão em nossos corações
para com essa pessoa, e quando ela se arrepende e assume o seu erro, abrimos as
comportas e expressamos o nosso perdão formalmente”.
Assim, se alguém nos ofende, devemos ter nossos corações livres de
rancor, mantendo um espírito de perdão para com ele. O Senhor nos adverte que,
se não fizermos isso, seremos entregues aos “atormentadores” (Mt 18:34).
Isso não está falando de juízo eterno, como alguns pensam, porque o Senhor sugere
que há uma possibilidade de sair desse tormento, dizendo: “até que
ele pagasse tudo”. Todos sabemos que não haverá libertação daquele juízo – ele
será eterno! Fala antes de sermos entregues ao nosso próprio espírito
implacável, o qual se torna o nosso atormentador. Cada vez que vemos, ou mesmo
pensamos na pessoa contra quem guardamos rancor, somos atormentados com
sentimentos maldosos. Trata-se de uma ação governamental de Deus, ensinando-nos
em Sua escola que não é proveitoso ter um espírito imperdoável para com alguém.
Enquanto isso, conforme Deus trabalha no coração do ofensor para
trazê-lo ao arrependimento, devemos mostrar-lhe um amor genuíno, expresso em
atos de bondade. Isso tocará sua consciência, por meio da qual se envergonhará
de sua maldade, e se julgará a si mesmo. Vemos que não só precisamos ter um
espírito de perdão, mas também devemos ter um espírito benevolente para com
aqueles que mostram animosidade em relação a nós. Agindo assim, estaremos
fazendo a nossa parte para promover a “paz”
na assembleia.
H E. Hayhoe disse que houve um tempo em que alguns de seus irmãos locais
não gostavam dele. Ele chegou mesmo a ouvi-los falando dele entre si. Então ele
foi para seus irmãos mais velhos e pediu-lhes conselho. Eles disseram: “Permaneça
com o Senhor, e eles mudarão de ideia!” E isso foi exatamente o que aconteceu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário